quinta-feira, 13 de março de 2014

REFLEXÕES SOBRE O AEE E AS PESSOAS COM SURDEZ


A educação das pessoas com surdez sempre foi e continua sendo um desafio devido às dificuldades lingüísticas e sociais impostas a este sujeito ocasionando preconceitos e exclusão.Ao longo da história a educação das  pessoas com surdez passou por diferentes abordagens educacionais:o Oralismo que tinha por objetivo tornar o surdo um “falante”  a Comunicação Total que defendia a utilização de qualquer recurso lingüístico seja a língua de sinais, a língua oral ou códigos manuais, para facilitar a comunicação com as pessoas com surdez e o Bilinguismo que tem como proposta de ensino a utilização de duas línguas no espaço escolar: a língua de sinais ou primeira língua( L1) e a língua portuguesa como segunda língua (L2), na sua modalidade escrita. A política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva(MEC 2008) apresenta novas possibilidades para as pessoas surdas através do serviço complementar do AEE na escola, onde a língua de sinais e a língua portuguesa escrita são línguas de comunicação e instrução.O AEE  para pessoas com surdez  na perspectiva inclusiva, estabelece como ponto de partida a compreensão e o reconhecimento do potencial e das capacidades desse ser humano, vislumbrando o seu pleno desenvolvimento e aprendizagem. As diferenças desses alunos serão respeitadas, considerando a obrigatoriedade dos dispositivos legais, que determinam o direito de uma educação bilíngüe, em que Libras e Língua Portuguesa escrita constituam línguas de instrução no desenvolvimento de todo o processo educativo. Dessa forma, o AEE PS precisa ser pensado em redes interligadas, sem hierarquização de conteúdos, sem dicotomizações, reducionismos; mas com uma ação conectada entre o pensar e o fazer pedagógico. Com isso, certamente, o ambiente de aprender a aprender será adequado e sustentará que o professor e o aluno com surdez   interajam com a sala de aula comum, produzam, pela mediação pela compreensão dos conhecimentos, a partir, de novas práticas metodológicas, com suas estratégias e recursos de ensino. Dessa forma, as práticas metodológicas do AEE PS, sob a ótica do pensar inclusivo, quer a conjunção, em que as partes e o todo estejam numa simbiose.
Para realizar essa simbiose, adotamos a Pedagogia Contextual Relacional. O sentido dessa pedagogia encontra-se em formar o ser humano, com base em contextos significativos, em que se procura desenvolvê-lo em todos os aspectos possíveis, tais como: na vontade, na inteligência, no conhecimento e em idéias sociais, despertando-o nas suas qualidades e estabelecendo um movimento relacional sadio entre o ser e o meio ambiente, descartando tudo que é inútil, sem valor real para a vida, conforme Damázio (2005).  Nesse sentido, o cotidiano adquire significado, quando se levam em conta todas as vivências contextuais relacionais que o ser humano em evolução experimenta. Nesse contexto, o aluno com surdez se sentirá situado e compreenderá com mais facilidade os conteúdos em estudo.De acordo com esses preceitos, essa ação pedagógica entre o conhecedor, o conhecimento e o conhecido, não fica restrita ao conhecimento do mundo físico, dos objetos no plano concreto. Ela também se realiza por meio de exercícios reflexivos, intuitivos e abstratos, baseados na complexidade do fenômeno inter e intra humanos e no meio vivencial, de forma processual, e exige muita investigação e atos educativos ligados à necessidade do aluno com surdez, por meio de sistemas complexos que são auto-organizados. Nesse conjunto, esse aluno é trabalhado a partir da compreensão do ciclo de desenvolvimento e aprendizagem, respeitando os campos pedagógicos e lingüístico das duas línguas no AEE PS.
Para efetivar o cotidiano escolar do AEE PS, aplicamos a metodologia vivencial, que leva o aluno a aprender a aprender. Essa metodologia é compreendida como um caminho percorrido pelo professor, para favorecer as condições essenciais de aprendizagem do aluno com surdez, numa abordagem bilíngüe. Nesse sentido, o professor do AEE PS, na condição de autoridade, para gestar e com responsabilidade para construir o ambiente de aprendizagem para esse aluno, busca os métodos, escolhendo os melhores procedimentos e recursos para operacionalização da aula especializada.Assim, o professor, por meio dessa metodologia, adota os seguintes princípios básicos para o ato de aprender a aprender: o aluno com surdez pensa, questiona e levanta idéias sobre todas as coisas; ao levantar idéia, entra em conflito com os esquemas anteriores; ao entrar em conflito, busca respostas aos seus questionamentos, visando refutar ou confirmar o que está sendo investigado, estudado; ao descobrir sobre o saber investigado, tem um ato conseguido; esse ato conseguido precisa ser repetido, construindo a aprendizagem significativa; ao apreender o saber, a pessoa com surdez realizará sua aplicabilidade no seu cotidiano de vida.
Referência

 DAMÁZIO, M. F. M.; FERREIRA, J. Educação Escolar de Pessoas com Surdez-Atendimento Educacional Especializado em Construção. Revista Inclusão: Brasília: MEC, V.5, 2010. p.46-57.